O EXEMPLO DE ARISTIDES DE SOUSA MENDES
Por estes dias, com a tomada do poder no Afeganistão pelos Taliban e as "reticências" da Europa em abrir as portas às pessoas que, compreensivelmente, querem fugir ao regime fanático/religioso que se adivinha e já se conhece. Vem à memória o exemplo corajoso do do Cônsul Aristide de Sousa Mendes, que em 1940 bem compreendeu a necessidade de permitir a fuga às famílias judias que fugiam ao avanço dos Nazis pela Europa, facultando-lhes vistos que permitiam a sua passagem por Espanha com destino a Portugal, salvando da mais que certa deportação para campos de concentração e da morte mais de 30.000 pessoas, desrespeitando as ordens superiores e destruindo a carreira de cônsul que tinha construído durante 30 anos.
O paralelismo histórico é evidente e gritante quanto à necessidade de saída do Afeganistão. Já o exemplo de altruísmo e abnegação do Aristides de Sousa Mendes, não parece contagiar uma Europa, cada vez mais fechada e mais egoísta, quantos os líderes cedem à tentação pequenina de sacrificar o Humanismo aos interesses políticos nacionais e à "felicidade" das suas gentes, nem que para isso tenhamos de fechar as portas e as janelas a quem teve o azar de nascer no sítio errado.
A criação de um corredor humanitário e a definição de quotas de acolhimento que permita aos refugiados afegãos chegar a porto seguro, era um favor que a Europa fazia a si própria e à Humanidade.