"Criticism may not be agreeable, but it is necessary. It fulfils the same function as pain in the human body. It calls attention to an unhealthy state of things."



Winston Churchill



terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Intervencionada

Há uns anos contaram-me a história da intervenção da Câmara Municipal de Faro pelo Governo. Parece que a coisa se terá passado nas décadas de 40/50, em que uma onda de casos de corrupção, relacionada com terrenos, expropriações e vendas em hasta pública, terá determinado a intervenção do Governo e a nomeação de um militar para gerir a Câmara, que atenderia as pessoa com a pistola em cima da secretária. Nunca confirmei a veracidade desta página da história farense, nem nunca mais ouvi ninguém a falar da mesma. Sendo certo que também não consta de nenhuma edição dos Anais.

Contudo, verdade ou “história”, encontro um certo paralelismo do que se terá passado naquela altura com o que se passa com o Executivo actual.

Há paralelismo, no que toca essencialmente ao estilo e atitude do novo edil. Das tomadas de posição que já conhecemos e da intervenção do Sr. Presidente da Câmara na AM do passado de 14/12, noto um estilo intervencionista e policial no exercício das suas funções. Age de forma impositiva, sem subtilezas, nem grandes discursos justificativos.

Não há paralelismo no que toca às causas que justifiquem este estilo intervencionista. Pelo menos no que diz respeito à natureza do problema. Se na “história” o que justificou a intervenção foi a corrupção, agora é o descalabro financeiro em que o Município se encontra que justifica a “Intervenção”.

Mas há paralelismo em relação à gravidade do problema. Se noutros tempos foi a corrupção que afectou o normal funcionamento das Câmara Municipal, agora é a grave situação financeira que impede que a Câmara prossiga a sua actividade.

Nesta “intervenção” há também outra particularidade. O Interventor foi eleito democraticamente.

Porém, o facto de ter sido eleito democraticamente, não legitima o exercício de funções ao estilo do tal capitão que atendia de pistola em cima da mesa.

Não obstante a situação da autarquia ser grave e exigir medidas excepcionais, nem a democracia, nem o funcionamento dos restantes órgãos autárquicos está suspenso.

A “intervenção” será tanto melhor e os objectivos melhor conseguidos, quanto mais participadas e discutidas forem as decisões do Executivo.

Ao Senhor Presidente da Câmara não falta vontade de agir e determinação, o que é bom. Mas deve também ter capacidade de diálogo e de ouvir quem tem também legitimidade para se pronunciar sobre as questões de governo do município.

Saudações farenses

Miguel Sengo da Costa

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